terça-feira, 4 de setembro de 2012

Produtores da turnê "This Is It" trocavam e-mails sobre Michael Jackson: "Ele é um caso perdido"


Michael Jackson é “um caso perdido” e está “enfraquecido e perturbado”, dizem os e-mails trocados pelos produtores da Anschutz Entertainment Group (AEG), que cuidavam da turnê “This Is It”, segundo o site da revista “The Hollywood Reporter”.
Com mais de 250 páginas, as mensagens foram publicadas pelo jornal “Los Angeles Times” e sugerem que a produtora sabia do estado mental de Michael Jackson (1958-2009) no período que antecedeu sua morte.
"MJ está trancado em seu quarto, bêbado e deprimido. Estou tentando fazer com que se tranquilize", escreveu certo dia Randy Phillips, diretor da AEG Live, divisão de shows de AEG, a seu chefe, Tim Leiweke. De seu Blackberry, ele respondeu, "está brincando?"

"Gritei com ele tão alto que os muros tremeram", prosseguiu Randy Phillips. "Está completamente perdido e paralisado, se odeia, está bloqueado pelas dúvidas agora que precisa começar o espetáculo", prosseguiu, enquanto o rei do pop era aguardado naquele momento para uma entrevista coletiva, em Londres, para anunciar a turnê, à qual chegou 90 minutos atrasado.

"Está muito assustado", escreveu Randy Phillips, que, segundo as mensagens, teve que vestir o cantor ele próprio, com a ajuda do agente do artista.

Segundo o "Los Angeles Times", diante da hesitação do astro, os encarregados da AEG começaram a considerar os riscos de essa turnê de 50 shows ser cancelada e aumentaram a pressão.

"Não podem nos obrigar a isto, que é o que MJ vai tentar fazer porque é preguiçoso e muda constantemente de opinião, segundo seus desejos imediatos", disse outro encarregado da AEG Live, Paul Gongaware, a M. Phillips. "Está de mãos atadas, não tem escolha, assinou um contrato", concluiu.

Estes testemunhos contradizem a versão da AEG, segundo a qual Jackson estava bem de saúde, como informou um médico após o exame exigido para a assinatura do contrato.

Algumas semanas antes do início da turnê, prevista para meados de julho de 2009, o diretor do show, Kenny Ortega, advertiu Phillips: Michael "dá grandes sinais de paranoia, ansiedade e comportamento obsessivo". Em meados de junho, Ortega pediu um exame psiquiátrico ao cantor, que faltava regularmente aos ensaios, mas Randy Phillips rejeitou o pedido.

"MJ ainda não está em forma para cantar e dançar ao mesmo tempo", alertou Ortega aos seus superiores, sugerindo recorrer ao play-back.

Michael Jackson morreu pouco depois, em 25 de junho, aos 50 anos. Em agosto, ainda de acordo com os documentos divulgados pelo Los Angeles Times, Randy Phillips escreveu a um colega da indústria da música: "A morte de Michael Jackson é uma tragédia, mas a vida continua. A AEG vai fazer uma fortuna com a venda de produtos licenciados, as entradas, a exposição e o DVD do filme", 'This is it', lançado após a morte do cantor.

Estas revelações podem ter consequências sobre dois processos que correm contra a AEG.

Um deles foi aberto pelos herdeiros de Jackson, que acusam a empresa de ter feito uma enorme pressão sobre o cantor, apesar dos sinais de fragilidade que apresentava.

O outro é da companhia de seguros da AEG, a Lloyd's of London, que tenta anular o pagamento de uma indenização de US$ 17,5 milhões que a AEG negociou com base, segundo a seguradora, em declarações falsas sobre a saúde e a capacidade de Michael Jackson de garantir a realização do espetáculo.”

(*Com informações da AFP)
Fonte: UOL